quinta-feira, 21 de maio de 2009

Kopi Luwak


Que delícia! O penico não podia deixar passar em branco esta preciosidade para gostos mais excêntricos e verdadeiros apreciadores do trato intestinal. O Kopi Luwak ou Café Civet! Um verdadeiro café-dejecto! Ele é produzido com grãos de café que foram comidos e passaram pelo aparelho digestivo de um afável animalzinho asiático, o Paradoxurus hermaphroditus (cruz credo!), em português o civeta, muito semelhante, claro está, para nós perfeitos conhecedores da fauna que defeca café, a um gambá. O processo é maravilhoso! O animalejo emborca os ditos grãos mas não os digere (pois pudera, estão a imaginar o bicheco com um ataque cardíaco provocado por overdose de cafeína... este animal só consegue ingerir descafeínado e tem de ser nespresso porque ele é sensível dos intestinos...), o que faz com que eles passem intactos pelo seu delicado (e certamente muito limpinho...) sistema digestivo. À medida que o grão passa pelo bucho e pela intestinália do animal, sofre um processo de modificação (e que modificação!) supostamente idêntico ao utilizado pela indústria de café para remover a polpa do grão, só que neste caso, estão envolvidas bactérias diferentes das usadas pela indústria e as suculentas enzimas digestivas do aludido ser. É isso que dá ao Kopi Luwak seu sabor característico inigualável: mas que sabor poderá ser esse? o sabor a rabo ou a vilosidade intestinal? Convidem os vossos amigos ou alguém que queiram impressionar e dêem a provar:

"Hummm, que cafezinho magnífico... tem um cheiro... peculiar, onde arranjaste?" (O que vale é que a coloração mitiga quaisquer suspeitas...)

"ah, não vais querer saber..."

"vá lá, agora estou curioso!"

"é o caganita-café!"

E o triste rato de laboratório, que estava a desfrutar do sabor acastanhado do seu cafezinho e a sentir os seus aromáticos vapores nalgueiros, sem que as sinapses do seu cérebro tivessem ainda computado a verdadeira essência daquela iguaria, digna dos mais delicados palatos, vai correr para o vomitório mais próximo e declarar guerra a quatro estados asiáticos ao mesmo tempo por permitirem uma produção tão abjecta (neste caso, dejecta).

Ainda me hão-de explicar, e devagarinho, porque raio este café "de merda" (os leitores perdoarão certamente o vernáculo, mas é que o sentido aqui é literal) é o mais caro do mundo... Quem não o vai experimentar sei eu... se alguém mo oferecer, agradecerei simpaticamente, com enorme sorriso, porém muito desconfiada, pois não saberei ao certo quais as intenções por detrás do donativo, e arremessá-lo-ei num grande penico, que é, sem sombra de dúvida, o habitat natural para estas substâncias! Ou então guardo-o para convidados especiais...

2 comentários:

  1. Acho que já sorvi muitas vezes esse café... senão, pelo menos, aquelas bicas queimadas às 7h30 da manhã sabiam a rabo de doninha.

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