domingo, 26 de abril de 2009

Num aquário ou no penico?




Hoje, uma dedicatória especial para a geração fructche (há uma acentuação própria na forma como as palavras são pronunciadas pelos membros desta seita), com muito Aloé e Jojoba na carola. É definitivamente necessário cortar o mal pela raiz, sobretudo quando é oxigenada e está podre. Existem amebas com mais actividade intelectual do que algumas das criaturas deste verdadeiro cardume, que se move erraticamente de um lado para o outro, abrindo e fechando a boca como se estivesse dentro de um aquário. Pensar é uma verdadeira perda de tempo! É muito melhor falar sobre o Tóni que anda a pôr os cornos à pobre da Tatiana Mónica tadinha... (normalmente é a própria vacherrone, a mulher de potifá, quem, fazendo o ar mais angelical e sonso, espalha o assunto por toda a malta do bairro), a noitada na Bica do Chinelo, sempre a bombar, a bebedeira do Cajó, que foi rezar ao S. Gregório 10 vezes durante a noite (esse ganda maluco)... enfim, o céu é o limite! As referências hollywoodescas são transcendentes e vão desde o "American Pie" ao "Coyote Bar" e, claro, ao "Titanic" ou "Pearl Harbour" (Di Caguio e Peid Aflleck, os meus heróis da puberdade!), essas grandes pérolas do cinema! Elas gostam do "Diário das 1.001 maneiras de caçar o noivo da melhor amiga que é milionário em 10 dias e um funeral" e eles "Armaguedão, tempestade de gelo, dois tornados e um ciclone no último traque antes do fim do último dia depois de amanhã" . Meus amigos, Fellini não é o nome de nenhuma pizzeria da cova do vapor, nem o Sr. dos congelados da Iglo...
Os "fructes", para além das funções orgânicas vitais, apreciam actividades que não envolvam o neurónio, tais como como curtir a natureza (leia-se, arrear o calhau na mata ou inalar ervas do bosque), bezerrar horas infinitas no café com os amigos a beber bejecas e/ou a falar da vida alheia, surfar na net entre chats manhosos e sites de auto-promoção, com páginas pirosas e perfis armados ao "pingarelho", que funcionam como uma espécie de super-mercado para "fazer novos amigos". Elas com fotos em poses de modeletes a fazer boquinhas sexy, sempre com os limões espetados, tendo como pano de fundo a praia ou o mar, ou a "night" com as amiguinhas bué da malucas (de preferência todas gordas e horrorosas, para as meninas poderem brilhar). Eles oscilam entre o look "rebelde" (sem causa nenhuma) ou o ar de "gajo cool e bom para fazer bebés", geralmente receitas de sucesso para atrair fémeas mais susceptíveis; a originalidade dos cenários é maravilhosa: ou é a praia ou é a noitada com os amigos, sendo a foto tirada no café com óculos escuros ("sou bué da estiloso e deep") um clássico.
Ah, também são conhecidos por geração "fast food", não sei se é por causa da comida ou se será porque eles próprios são fast food... dois ou três dates e "I'm yours!" num piscar de olhos. O amor com sabor a frango requentado com a batatinha frita oleosa. E viveram felizes para sempre... até chegar o Tó Mané, com a sua mota nova, ou a Cátia Mónica, que é toda boa, e o cupido, esse grande malandro, atira a sua seta de novo.
Isto não é para qualquer um... é para quem pode! É toda uma forma de estar, um estilo de vida, uma verdadeira performence digna não de um simples penico mas de uma latrina gigante. Há que puxar o tó-clismo umas quantas vezes porque há coisas que teimam em boiar.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Vinho do Porto no Penico

Hoje sinto-me inspirada para falar sobre a idade e a maturidade (essa palavra deliciosa que inventaram para não esquecermos que envelhecer tem um lado positivo). Há medida que o tempo avança vou ficando cada vez melhor, tal como o vinho do Porto! Ah ah ah! Sou tão interessante, mas tão interessante que se pudesse casava comigo mesma já!

Se a genética for generosa para comigo como tem sido para com os meus pais, evitarei o desperdício de notas num espaço muito in, certamente cheio de glamour, onde várias carcaças se passeiam de um lado para o outro exibindo as suas ligaduras, sejam elas um prenúncio de que a mumificação é a única estratégia viável, ou sejam antes uma forma de esconder temporariamente os seus novos rostos de quem acabou de ser atirado da Lua para a Terra e entrou há segundos na estratosfera. Realmente não me apetece de todo que me tirem gordura das nalgas para enfiar nas bochechas, nem tampouco ficar permanentemente com um sorriso estilo Joker e com um enigmático olhar oriental até às orelhas, correndo o risco de espirrar e levantar uma perninha (ou quiçá as duas, o que resultaria num grande espalho que me levaria de volta para a mesa do talho, para me substituirem mais algumas peças). Se isso acontecer significará, por certo, que aquele simpático Senhor alemão chegou e que no lugar do meu cérebro está uma gigante couve-flor...

Quanto ao aspecto intelectual, pois se tudo correr bem (leia-se, se o tal Senhor alemão não aparecer lá em casa...), transformar-me-ei numa pessoa cada vez mais espirituosa, culta e madura (não demasiado para não correr o risco de apodrecer precocemente) e passarei a ser um acessório de luxo imprescindível em qualquer vernissage ou festa que se preze, onde poderei dizer as maiores alarvidades e toda a gente irá sorrir com aquele ar sibilante de quem acabou de absorver uma cenoura sabe-se lá de que forma e aplaudirá a minha jocosidade, sem perceber patavina do que acabei de insinuar. Sim, essa é a grande vantagem da maturidade: à medida que a idade avança, ganhamos estatuto para poder dizer tudo o que nos apetece, mas sem nunca perder a elegância! Exemplo: alguém que não vemos há anos (por ex. uma ex coleguinha da faculdade) encontra-nos na rua e pergunta "Então, tudo bem? Já casaste? Tens filhos?" e nós respondemos cordialmente enquanto o nosso cérebro grita "Die bitch!!!", em tom completamente desprovido de emoção e por ordem "Estou óptima! Já me divorciei 4 vezes o que me deu uma pensão de alimentos fabulosa! Passo a vida a viajar... é uma chatice. Sou estéril. Tu com esse ar de mamã já deves ter aí uns 7 ou 8, não?".

É maravilhoso! Penicos vários para a Sra. e para todos os tiranos do relógio biológico!

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Odeia o teu vizinho

Nunca entendi as grandes relações de amizade que certos amigos afirmam ter com os seus vizinhos.
Como é possível aturar o chilreio dos filhos dos outros a partir das sete da manhã a ouvir
desenhos animados na televisão em volume máximo e a fazer guerras de cereais ou a berrar por uma almofada?
Nunca ninguém passou pelas deliciosas noites em claro a escutar o vizinho de cima a calcorrear de um lado para o outro, certamente numa ressaca de qualquer substancia psicotrópica?
Ou a ouvir a senhora idosa do andar de baixo que ouve telenovelas até desoras e depois escorrega elefantescamente para um profundo sono orquestrado por um roncar que deixaria muitos camionistas a milhas.

Nada como o doce refastelar no som das supremas jantaradas com 78 familiares (dos vizinhos) que aparecem todas as semanas e transformam as imediações num acampamento que, para todos os efeitos, pode ser índio, cigano, berbere, esquimó (o penico não descrimina etnias, só gente insuportável, a quem amorosamente gosta de chamar “sacanas dos vizinhos”).
Ó odores de cheiro a sardinha assada ou churrasco queimado! Ó maravilhosos concursos de karaoke (!) com intervenientes que vão desde as jovens adolescentes a ter sonhos húmidos com o elenco do “High School Musical”, até à bisavó desdentada a ter colites húmidas com o som das netas adolescentes a cantar “High School Musical”.

Numa nota ainda mais pessoal, recentemente ouvi, de uma vizinha, um arrazoado deplorável acerca do facto de não lhe ter aberto a porta, quando ela tocou à minha campainha diversas vezes, “sabendo perfeitamente que (me) encontrava em casa”. Bem... Devo dizer que, para além da senhora em questão ter uma noção muito própria acerca do que é “privacidade”, é uma vizinha muito fácil de execrar: faz churrascos semanais, promove refeições pela tarde e noite fora com a numerosa família adorável, que tão bem canta karaoke em altos berros. O que concorre com um séquito de adoráveis rafeiros que guarda nas traseiras e têm a delicadeza de me brindar com os seus uivos, dia ou noite e acima de tudo tem uma voz, comparável ao som de unhas a arranhar um quadro de ardósia.

Neste penico desejo à dita senhora uma colite muito húmida. Schubert agradece.

domingo, 19 de abril de 2009

O elevador da cáca.

Para todos os homens fraude....


Às vezes dou por mim sentado na sanita, com o jornal na mão, tentando depositar no reservatório higiénico uma herança que irá fertilizar a terra: e penso.

Para que serve o amor? Para que servem as cartas de amor? Os actos de amor? Valerá a pena? Devemos mesmo amar alguém? Precisamos? Alguém merece? E como nos despedidmos dele? Como é que ele se vai embora de dentro de nós?

Penso em tudo isto e percebo que amar é como aquela sensação de incómodo, quando estamos à beira de libertar qualquer coisa que desconhecemos e sentimos uma urgência em ir à casa de banho. Não sabemos o que aí vem. Se um peido malandrinho, se uma torrente augada dos pimentos a que somos alérgicos, se um bom calhau em homenagem ao jantareco que fizemos com tanto carinho.

O amor é mesmo isso. A surpresa do cócó. E sempre que temos que ver-nos livres dele, é assim: sentados, à espera, sem podermos exigir nada, ficando à mercê da sua vontade. Umas vezes vaza as nossas entranhas num ápice sem lágrima no canto do olho, outras vezes faz um estardalhaço e explode pelas paredes azulejadas da nossa divisão mais íntima e outras vezes custa e dura no seu processo de passar pelo arco do triunfo até fazer aquele som reconfortante na água wc pato, que o recebe de volta à natureza.

Sempre que estou na minha sanita e não tenho um bom jornal para ler, ou a bula do medicamento para os nervos que o veterinário receitou aos gatos, penso na vida e no amor. E tudo é uma despedida. Mas custa. Às vezes dou por mim sentado ao lado da sanita, olhando-o, ali, a boiar, despedindo-me dele com nome suaves como " filho da...", " aldrabão", "foste um bluff" porque em tudo o sputnick de chocolate é sempre uma surpresa e não podemos escolher nem tamanho, nem forma nem jeito. Como o amor?

E quando carrego o autoclismo, sonho. Sei que ele um dia voltará para dentro de mim - o amor claro - formando-se e ocupando espaço por mais um tempo, até voltar a abandonar o meu corpo.

O coração e o cu são.... uma e só metáfora da vida amorosa. A despedida do amor é visceral, física e aliviadora....

hoje caguei o amor. Só espero amanhã almoçar alguma coisa mais ligeira.

P.S. Se tiverem muito medo do que o amor vos pode causar proponho ultralevur ou um bom xenical. Vão sentir que o amor foi apenas...uma pequena e singela torrente apaixonada.

sábado, 18 de abril de 2009

A essência do Penico

3, 2, 1... Bem-vindos ao penico !

Este espaço é inspirado em todos aqueles que constituem a verdadeira essência do penico: os devoradores de comida pré-mastigada, os "papa-expresso", os possidónios, homens e mulheres-fraude, sem alma, falsos adoradores das coisas boas da vida, que gostam mesmo é dos odores rançosos da cova do vapor, esses seres do demo, incapazes de autenticidade!
Aqui o verniz vai estalar! Entre anátemas com chantilly e fillet-minhau de coconet, do psiché para o tó-clismo, vamos rir e exorcizar todos os males!
O céu está coberto de nuvens negras... vão chover cães e gatos... e a festa vai começar!