terça-feira, 7 de julho de 2009

Que soberbos somos!


Recentemente tive o prazer de ler alguns comentários no Facebook, que me pareceram muito elucidativos sobre uma certa forma de pensar, ou melhor, de reagir ao pensamento de terceiros. Tais pensamentos são da autoria de um chegado amigo meu, que muito prezo e que teve a gentileza de escrever algumas pérolas que passo a citar:


«primeiro são contra as peles, depois são contra a carne, depois o leite tem pus... daqui a pouco temos organizações contra o sexo porque uma pessoa está em contacto com outra e sabe-se lá o que se pode apanhar! E temos que proteger a humanidade! Mas será que esta gente se esquece duma coisa maior que as nossas conscienciazinhas armadas ao cuco? A lei natural???? Dah! Que soberbos somos!»

Será de notar que o tom jocoso e ligeira acrimónia escondem uma verdade enorme: estamos todos fartos de que ponham em causa tudo aquilo em que acreditamos e fomos educados a tomar como sagrado e perene: sejam as simpaticas senhoras velhinhas de casacos de peles, o bife ao jantar, ou o leite ao pequeno-almoço...

É certo que nos últimos 50 anos evoluímos mais nas consciências e pensamento social, talvez fruto da evolução tecnológica, da globalização ou do reconhecimento da dignidade da pessoa humana como valor fundamental e prioridade dogmática indiscutível.

Tal abertura possibilitou-nos encontrar outros meios para manifestar a nossa própria humanidade: através do respeito do meio ambiente, das criaturas que nos rodeiam e do planeta em geral. São passos lentos e seguros, que inicialmente vão ser tomados como agitadores e jacobinos, porventura pelo fervor de alguns activistas mais carismáticos, ou até por ridículos e despropositados, como se infere do comentário do meu excelso amigo. No entanto, da mesma forma que as primeiras mulheres feministas, como a sufragista Sylvia Pankhurst, foram etiquetadas como “histéricas e mal-amadas”, até, actualmente, ser facto assente nas culturas mais evoluídas a igualdade indiscutível da mulher, a quem são reconhecidos os mesmos direitos, como votar, trabalhar, viajar e ter direito a uma existência tão reconhecida como a de qualquer homem.


Certamente noutros tempos, não tão distantes, a clareza e bom senso vigentes obrigariam a que a mulher fosse “recambiada” para casa debaixo de uma chuva de impropérios e murros, para o papel de serviçal do seu marido, caso este não autorizasse a insolência de aquela querer sair à rua sem a sua autorização, muito menos exercer o ser direito de voto!


Como tal, era então considerada a “lei natural”, fruto de milhares de anos de civilização.

Ora, se a “Soberba, (s.f. do latim superbia) é o sentimento negativo caracterizado pela pretensão de superioridade sobre as demais pessoas, levando a manifestações ostensivas de arrogância, por vezes sem fundamento algum em fatos ou variáveis reais.” – é interessante reflectir, sem mais considerandos na ironia da supra citada observação.


Trata-se, pois, de um comentário muito interessante, pelo facto de nele ter a apreciável franqueza de asseverar, com todas as letras, o que pensa das correntes de “respeito pelos animais”. A forma aprimorada como o faz confere-lhe uma peculiar solenidade literária e até estética. Infelizmente, porque se limita somente a uma abordagem em linhas muito sumárias, embora maciças e ricas de reflexão, tenho que afirmar que o seu solilóquio fica-me a saber a pouco. Seria muito mais original se o meu amigo pudesse aprofundar, com maior minúcia, essa sua agrura selectiva contra o não uso das peles, a abstenção de comer carne e o respeito pelos animais em geral.

E quanto às “conscienciazinhas armadas ao cuco”, o cuco é uma ave parasita que põe os ovos no ninho de outras espécies. A natureza indirectamente e por si só, acaba por responder às nossas mais profundas inquietações.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

A photoshop revolucionou o mundo


este texto é dedicado a todos os obesos do mundo!


A ideia que hoje temos de felicidade passa pelo..photoshop. Não há conversa que envolva fotografias ou revistas que não vá lá dar. Estamos constantemente descontentes com a nossa aparência, com as borbulhas, as verrugas, as rugas, os pés de galinha, a linha do corpo abrangente, o papo, a pele descaída, a estria, o cabelo branco e esquece-mo-nos que o ser humano é falho por natureza e um corpo em constante mutação. O mundo das revistas e do cinema apregoa-nos a beleza intemporal e perfeita, mas a perfeição só pode ser uma utopia que nos convença a ser melhores - e nada contra isso. Melhorar a nossa aparência é até um sinal de sociabilidade já que vivemos uns com os outros e a convivência exige o mínimo dos mínimos. Mais não seja a higiene, o corte de cabelo e a roupa lavada.

Mas hoje em dia, a busca pela perfeição e juventude leva-nos a situações limite. Ontem ouvi dizer que a baba dos caracóis era muito benéfica para a pele.... e fiquei curioso. Ao ponto de procurar a dita embalagem nos EUA e ver os preços de avião para Miami.

Uma amiga falava-me num filme onde uma mulher em busca da juventude eterna comia fetos humanos. Dorian Gray faz um pacto com o diabo e por aí sucessivamente. Tudo aliado a esta busca tem qualquer coisa de sombrio. Como se fosse anti-natura lutar contra a nossa mortalidade e genética.

Mas será que a culpa é só das revistas e dos media? Acho que não. Há milhares de anos que andamos atrás da imortalidade e procurar o elixir é uma constante, talvez hoje mais difundida porque chega a todas as classes sociais.

A Dona Eliete pode ir à sephora e comprar retinol por 70 euros e sentir-se uma colegial no domingo quando vais aos Alunos de Apolo dançar com o esposo.

Mais do que procurar a juventude, as pessoas procuram a constância das suas faculdades e a aceitação dos outros. Ser jovem significa ter ainda poder sobre actos e decisões, planear a vida e fazer ainda tudo aquilo que o mundo nos obriga a sonhar.

Por isso..... olha, venham os caracóis, as caracoletas, a barata moída, o dente da galinha africana, os entrefolhos do rabo da águia careca e a membrana da grande baleia azul!

E quando tudo isto não resultar...teremos sempre A photoshop!

p.s. o homem da fotografia sou eu depois do Pipo passar 2 anos à frente do computador a refazer tudo. Não fico lindo?

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Kopi Luwak


Que delícia! O penico não podia deixar passar em branco esta preciosidade para gostos mais excêntricos e verdadeiros apreciadores do trato intestinal. O Kopi Luwak ou Café Civet! Um verdadeiro café-dejecto! Ele é produzido com grãos de café que foram comidos e passaram pelo aparelho digestivo de um afável animalzinho asiático, o Paradoxurus hermaphroditus (cruz credo!), em português o civeta, muito semelhante, claro está, para nós perfeitos conhecedores da fauna que defeca café, a um gambá. O processo é maravilhoso! O animalejo emborca os ditos grãos mas não os digere (pois pudera, estão a imaginar o bicheco com um ataque cardíaco provocado por overdose de cafeína... este animal só consegue ingerir descafeínado e tem de ser nespresso porque ele é sensível dos intestinos...), o que faz com que eles passem intactos pelo seu delicado (e certamente muito limpinho...) sistema digestivo. À medida que o grão passa pelo bucho e pela intestinália do animal, sofre um processo de modificação (e que modificação!) supostamente idêntico ao utilizado pela indústria de café para remover a polpa do grão, só que neste caso, estão envolvidas bactérias diferentes das usadas pela indústria e as suculentas enzimas digestivas do aludido ser. É isso que dá ao Kopi Luwak seu sabor característico inigualável: mas que sabor poderá ser esse? o sabor a rabo ou a vilosidade intestinal? Convidem os vossos amigos ou alguém que queiram impressionar e dêem a provar:

"Hummm, que cafezinho magnífico... tem um cheiro... peculiar, onde arranjaste?" (O que vale é que a coloração mitiga quaisquer suspeitas...)

"ah, não vais querer saber..."

"vá lá, agora estou curioso!"

"é o caganita-café!"

E o triste rato de laboratório, que estava a desfrutar do sabor acastanhado do seu cafezinho e a sentir os seus aromáticos vapores nalgueiros, sem que as sinapses do seu cérebro tivessem ainda computado a verdadeira essência daquela iguaria, digna dos mais delicados palatos, vai correr para o vomitório mais próximo e declarar guerra a quatro estados asiáticos ao mesmo tempo por permitirem uma produção tão abjecta (neste caso, dejecta).

Ainda me hão-de explicar, e devagarinho, porque raio este café "de merda" (os leitores perdoarão certamente o vernáculo, mas é que o sentido aqui é literal) é o mais caro do mundo... Quem não o vai experimentar sei eu... se alguém mo oferecer, agradecerei simpaticamente, com enorme sorriso, porém muito desconfiada, pois não saberei ao certo quais as intenções por detrás do donativo, e arremessá-lo-ei num grande penico, que é, sem sombra de dúvida, o habitat natural para estas substâncias! Ou então guardo-o para convidados especiais...

segunda-feira, 18 de maio de 2009

A gosma

Já alguém teve o desprazer de ir ao twitter? Se não sabem o que é, vão procurar, o Penico está-se nas tintas para os vossos problemas com as tecnologias. O twitter é uma aplicação na Internet. Existe e está mais presente que nunca. Senão basta ir ao facebook, ligar o rádio ou consultar qualquer página pessoal na Internet, dentro ou fora de redes sociais.
É uma gosma, filhinha do pigarro, prima do espirro é o mesmo que dizer expectoração, baba ou escarro. O arquétipo do twitter já aborrece só por si, porque começa com o conceito vagamente traduzido como: “Chilreio”, som repetitivo, insidioso que chateia. E como chateia! Não confundir com o divino som produzido pelas criaturas da Natureza. Ou melhor! O autor do chilreio, essa execrável escolha de passarola azul para logótipo, qual olharapo de supermercado, ou núncio de latrina.
Começa-se por perceber que o conceito é simplesmente deixar mensagens triviais (ou não) como todos já tivemos oportunidade de ler, em tempo real, revelando os verdadeiros interesses do obtuso autor aos eventuais destinatários:

- Estou a almoçar.
-A ler o “24 horas” com a minha parrachita fofa, a fazer a depilação encostada a mim.
-Fiz uma bela cagadinha. E que bem que me soube!

(ou pior, se estiverem a mandar os recadinhos, para um qualquer site, através do telemóvel):
-Entrei no hotel e as toalhas estão tão bem bordadas! (Que regalo! Até dá para esquecer que 13.650 pessoas antes já lá andaram a limpar as partes pudibundas.)

Nada de mensagens de carácter ecológico, social, científico ou meramente lúdico. Nem pensar! Analisando a experiência, verificamos que a maioria pessoas prefere o banal, a ranhoca, falar dos seus pequenos dejectos, excrescências e obsessões caricatas.
E não nos ficamos pelo twitter, porque em todas as redes sociais, como o facebook, o hi5, ou quejandos, as pessoas assoam-se abundantemente para a ventoinha da atenção alheia. Essas eminências de saponária que não querem saber de curiosidades, factos culturais, experiências, opiniões sobre livros ou filmes. Nada disso. Optam antes por falar de gosma.

E porquê? Porque é que andam alguns tão preocupados em informar a colectividade, o seu grupo de amigos, o planeta para todos os efeitos, que acordaram com uma borbulha no vale das nádegas?
Será que a descompensação é tão grande que a existência do meio democrático, que permite escrever alarvidades como as presentes neste texto, intoxica e seduz os comuns mortais a espalhar pelo planeta as suas dores de cabeça ou atrofio mental causado por uma hora a mais de trabalho?
É ranho, caros leitores. E isso deita-se no penico!

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Dá Deus nozes...



Este espaço também serve para alguns elogios e o Sr. Hugh Jackman é merecedor de inúmeros, from head to toe. Ainda que o argumento do seu último filme "Wolverine" não seja particularmente brilhante, a verdade é que tem a enorme qualidade de exibir o traseiro do Senhor. E aqueles peitorais perfeitos para qualquer mulher que se preze brincar ao jogo do galo? Que se lixe o argumento porque quando se trata do Hugh eu vou ver o filme nem que o argumento seja sobre prostitutas vietnamitas e anões raptados por duendes e sugados por uma nave alienígena! Quem não o viu na noite dos óscares? O homem é maduro, super-charmoso, transpira charme e coolness, é um excelente actor, canta, dança, tem sentido de humor... Perdoem-me se me babo, não consigo controlar... Bom, agora a crítica: este magnífico espécime está casadíssimo há 12 ou 13 anos (um homem fíel... mais baba...) com uma mulher mais velha (na minha modesta e invejosa opinião não lhe chega aos calcanhares... gordurosa...) que teve a ousadia de se queixar da forma física do marido, a que se refere como "the Body of Doom", e que fez o seguinte comentário quando soube que o marido fora escolhido para apresentar a cerimónia dos óscares por ser considerado o homem mais sexy do planeta: "então não convidaram o Brad Pitt?". Que blasfémia! Oh meus amigos, com franqueza... com o perdão da Sra. Angelina Jolie (que, segundo as más línguas, meteu o menino a dormir no chão porque o apanhou a brincar às casinhas com a mulher da limpeza ou com uma serviçal qualquer que estava ali à mão, ou ao pé...sei lá) e das fãs do Brad das Pitas, a Sra. Jackman devia ajoelhar-se no milho todas as noites, ser chicoteada e internada num sanatório para lhe colocarem uns electrodosinhos nas orelhas. Cada vez que lhe perguntarem qual o homem mais sexy do planeta, se ela mencionar o Ken Oxigenado aumentem-lhe a voltagem! Cada vez que ela se queixar do corpinho danone do marido devem mostrar-lhe uma tenaz em brasa e outras parafernálias do estilo e ameaçá-la com as mais cruéis torturas medievais! Se não está satisfeita, meta o homem numa encomenda em correio expresso para a minha morada que eu saberei apreciar o pacote. Dá Deus nozes a quem usa dentadura postiça com super-corega-creme!!!

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Felicidade em cápsulas


Nada melhor que começar o dia com uma boa dose de comprimidinhos da felicidade no bucho, estratégia a que grande parte das pessoas recorre hoje em dia para poder suportar as agruras do dia-a-dia. Em momentos de crise, quando a carteira está vazia ou o "tiqui-ti-coeur" está despedaçado, eis que surgem os nossos melhores amiguinhos enfiados num frasco delicioso para colocar um belo arco-íris no nosso dia, que estava tão cinzento... e, num abrir e fechar de olhos, tudo é belo! Ziguezagueamos pelas ruas de Lisboa, com um sorriso de Mona Lisa nos lábios, e achamos tudo lindo e maravilhoso! Nada pode alterar o nosso estado de espírito! Inventamos uma intoxicação alimentar para nos baldarmos ao trabalho e vamos exibir a nossa felicidade química por esse mundo fora. Ficamos tão balhelhas que até somos capazes de comprar um saco de milho para oferecer a esses animaizinhos simpáticos que outrora apelidávamos de "ratos do ar"! Entramos nas lojas e o Sr. Prozac diz-nos que podemos estoirar todo o nosso dinheirinho, inclusivé aquele que é de plástico e que depois teremos de devolver aos senhores do banco, acrescido de mais uns pequenos números que o vulgo chama de "juros". É tão bom o som do talão a sair daquelas maquinetas! É como uma orquestra bem ensaiada! Melhor ainda é levar para casa meia loja dentro de uns simpáticos invólucros de plástico. De seguida, decidimos entrar num belo restaurante pseudo-finório para encher o bandulho de tudo o que sabe tão bem como faz mal à saúde: uma boa vinhaça, que escolhemos pelo preço com maior número de zeros à direita, um prato de batatas fritas com alheira e ovo a cavalo que os senhores do restaurante chamam de "coconettes de couchon em caminha de pommes de terre polvilhadas de huille de olive e fabergé au chevale" e uma mega-bomba de chocolate chamada "cocochiquése". Saímos do restaurante incrivelmente despreocupados com o preço do pequeno repasto e com o colestrol a sair pelas orelhas. Não passa muito tempo até sentirmos náuseas, suores frios e umas ligeiras cólicas que parecem cortar-nos a barriga ao meio e pensamos "hummm, se calhar é melhor correr para o wc mais próximo". Curiosamente, o estado Zen em que nos encontramos permite-nos encarar esta aventura de forma absolutamente destemida e até relaxada. "Ooops, não deu para aguentar... Dihhhhhhhhh. Provavelmente ninguém deu por nada. Sinto-me tão feliz!". Ok, aqui a situação é grave porque há várias pessoas com um ar verdadeiramente transtornado a correr na direcção contrária à nossa. Mas os nossos verdadeiros amigos (o Lorenin, o Xanax e o Vallium) nunca nos abandonam, nem nos momentos mais merdosos. Pelo sim, pelo não, é melhor voltar para casa porque ser feliz cansa... dá cá uma soneira...

domingo, 26 de abril de 2009

Num aquário ou no penico?




Hoje, uma dedicatória especial para a geração fructche (há uma acentuação própria na forma como as palavras são pronunciadas pelos membros desta seita), com muito Aloé e Jojoba na carola. É definitivamente necessário cortar o mal pela raiz, sobretudo quando é oxigenada e está podre. Existem amebas com mais actividade intelectual do que algumas das criaturas deste verdadeiro cardume, que se move erraticamente de um lado para o outro, abrindo e fechando a boca como se estivesse dentro de um aquário. Pensar é uma verdadeira perda de tempo! É muito melhor falar sobre o Tóni que anda a pôr os cornos à pobre da Tatiana Mónica tadinha... (normalmente é a própria vacherrone, a mulher de potifá, quem, fazendo o ar mais angelical e sonso, espalha o assunto por toda a malta do bairro), a noitada na Bica do Chinelo, sempre a bombar, a bebedeira do Cajó, que foi rezar ao S. Gregório 10 vezes durante a noite (esse ganda maluco)... enfim, o céu é o limite! As referências hollywoodescas são transcendentes e vão desde o "American Pie" ao "Coyote Bar" e, claro, ao "Titanic" ou "Pearl Harbour" (Di Caguio e Peid Aflleck, os meus heróis da puberdade!), essas grandes pérolas do cinema! Elas gostam do "Diário das 1.001 maneiras de caçar o noivo da melhor amiga que é milionário em 10 dias e um funeral" e eles "Armaguedão, tempestade de gelo, dois tornados e um ciclone no último traque antes do fim do último dia depois de amanhã" . Meus amigos, Fellini não é o nome de nenhuma pizzeria da cova do vapor, nem o Sr. dos congelados da Iglo...
Os "fructes", para além das funções orgânicas vitais, apreciam actividades que não envolvam o neurónio, tais como como curtir a natureza (leia-se, arrear o calhau na mata ou inalar ervas do bosque), bezerrar horas infinitas no café com os amigos a beber bejecas e/ou a falar da vida alheia, surfar na net entre chats manhosos e sites de auto-promoção, com páginas pirosas e perfis armados ao "pingarelho", que funcionam como uma espécie de super-mercado para "fazer novos amigos". Elas com fotos em poses de modeletes a fazer boquinhas sexy, sempre com os limões espetados, tendo como pano de fundo a praia ou o mar, ou a "night" com as amiguinhas bué da malucas (de preferência todas gordas e horrorosas, para as meninas poderem brilhar). Eles oscilam entre o look "rebelde" (sem causa nenhuma) ou o ar de "gajo cool e bom para fazer bebés", geralmente receitas de sucesso para atrair fémeas mais susceptíveis; a originalidade dos cenários é maravilhosa: ou é a praia ou é a noitada com os amigos, sendo a foto tirada no café com óculos escuros ("sou bué da estiloso e deep") um clássico.
Ah, também são conhecidos por geração "fast food", não sei se é por causa da comida ou se será porque eles próprios são fast food... dois ou três dates e "I'm yours!" num piscar de olhos. O amor com sabor a frango requentado com a batatinha frita oleosa. E viveram felizes para sempre... até chegar o Tó Mané, com a sua mota nova, ou a Cátia Mónica, que é toda boa, e o cupido, esse grande malandro, atira a sua seta de novo.
Isto não é para qualquer um... é para quem pode! É toda uma forma de estar, um estilo de vida, uma verdadeira performence digna não de um simples penico mas de uma latrina gigante. Há que puxar o tó-clismo umas quantas vezes porque há coisas que teimam em boiar.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Vinho do Porto no Penico

Hoje sinto-me inspirada para falar sobre a idade e a maturidade (essa palavra deliciosa que inventaram para não esquecermos que envelhecer tem um lado positivo). Há medida que o tempo avança vou ficando cada vez melhor, tal como o vinho do Porto! Ah ah ah! Sou tão interessante, mas tão interessante que se pudesse casava comigo mesma já!

Se a genética for generosa para comigo como tem sido para com os meus pais, evitarei o desperdício de notas num espaço muito in, certamente cheio de glamour, onde várias carcaças se passeiam de um lado para o outro exibindo as suas ligaduras, sejam elas um prenúncio de que a mumificação é a única estratégia viável, ou sejam antes uma forma de esconder temporariamente os seus novos rostos de quem acabou de ser atirado da Lua para a Terra e entrou há segundos na estratosfera. Realmente não me apetece de todo que me tirem gordura das nalgas para enfiar nas bochechas, nem tampouco ficar permanentemente com um sorriso estilo Joker e com um enigmático olhar oriental até às orelhas, correndo o risco de espirrar e levantar uma perninha (ou quiçá as duas, o que resultaria num grande espalho que me levaria de volta para a mesa do talho, para me substituirem mais algumas peças). Se isso acontecer significará, por certo, que aquele simpático Senhor alemão chegou e que no lugar do meu cérebro está uma gigante couve-flor...

Quanto ao aspecto intelectual, pois se tudo correr bem (leia-se, se o tal Senhor alemão não aparecer lá em casa...), transformar-me-ei numa pessoa cada vez mais espirituosa, culta e madura (não demasiado para não correr o risco de apodrecer precocemente) e passarei a ser um acessório de luxo imprescindível em qualquer vernissage ou festa que se preze, onde poderei dizer as maiores alarvidades e toda a gente irá sorrir com aquele ar sibilante de quem acabou de absorver uma cenoura sabe-se lá de que forma e aplaudirá a minha jocosidade, sem perceber patavina do que acabei de insinuar. Sim, essa é a grande vantagem da maturidade: à medida que a idade avança, ganhamos estatuto para poder dizer tudo o que nos apetece, mas sem nunca perder a elegância! Exemplo: alguém que não vemos há anos (por ex. uma ex coleguinha da faculdade) encontra-nos na rua e pergunta "Então, tudo bem? Já casaste? Tens filhos?" e nós respondemos cordialmente enquanto o nosso cérebro grita "Die bitch!!!", em tom completamente desprovido de emoção e por ordem "Estou óptima! Já me divorciei 4 vezes o que me deu uma pensão de alimentos fabulosa! Passo a vida a viajar... é uma chatice. Sou estéril. Tu com esse ar de mamã já deves ter aí uns 7 ou 8, não?".

É maravilhoso! Penicos vários para a Sra. e para todos os tiranos do relógio biológico!

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Odeia o teu vizinho

Nunca entendi as grandes relações de amizade que certos amigos afirmam ter com os seus vizinhos.
Como é possível aturar o chilreio dos filhos dos outros a partir das sete da manhã a ouvir
desenhos animados na televisão em volume máximo e a fazer guerras de cereais ou a berrar por uma almofada?
Nunca ninguém passou pelas deliciosas noites em claro a escutar o vizinho de cima a calcorrear de um lado para o outro, certamente numa ressaca de qualquer substancia psicotrópica?
Ou a ouvir a senhora idosa do andar de baixo que ouve telenovelas até desoras e depois escorrega elefantescamente para um profundo sono orquestrado por um roncar que deixaria muitos camionistas a milhas.

Nada como o doce refastelar no som das supremas jantaradas com 78 familiares (dos vizinhos) que aparecem todas as semanas e transformam as imediações num acampamento que, para todos os efeitos, pode ser índio, cigano, berbere, esquimó (o penico não descrimina etnias, só gente insuportável, a quem amorosamente gosta de chamar “sacanas dos vizinhos”).
Ó odores de cheiro a sardinha assada ou churrasco queimado! Ó maravilhosos concursos de karaoke (!) com intervenientes que vão desde as jovens adolescentes a ter sonhos húmidos com o elenco do “High School Musical”, até à bisavó desdentada a ter colites húmidas com o som das netas adolescentes a cantar “High School Musical”.

Numa nota ainda mais pessoal, recentemente ouvi, de uma vizinha, um arrazoado deplorável acerca do facto de não lhe ter aberto a porta, quando ela tocou à minha campainha diversas vezes, “sabendo perfeitamente que (me) encontrava em casa”. Bem... Devo dizer que, para além da senhora em questão ter uma noção muito própria acerca do que é “privacidade”, é uma vizinha muito fácil de execrar: faz churrascos semanais, promove refeições pela tarde e noite fora com a numerosa família adorável, que tão bem canta karaoke em altos berros. O que concorre com um séquito de adoráveis rafeiros que guarda nas traseiras e têm a delicadeza de me brindar com os seus uivos, dia ou noite e acima de tudo tem uma voz, comparável ao som de unhas a arranhar um quadro de ardósia.

Neste penico desejo à dita senhora uma colite muito húmida. Schubert agradece.

domingo, 19 de abril de 2009

O elevador da cáca.

Para todos os homens fraude....


Às vezes dou por mim sentado na sanita, com o jornal na mão, tentando depositar no reservatório higiénico uma herança que irá fertilizar a terra: e penso.

Para que serve o amor? Para que servem as cartas de amor? Os actos de amor? Valerá a pena? Devemos mesmo amar alguém? Precisamos? Alguém merece? E como nos despedidmos dele? Como é que ele se vai embora de dentro de nós?

Penso em tudo isto e percebo que amar é como aquela sensação de incómodo, quando estamos à beira de libertar qualquer coisa que desconhecemos e sentimos uma urgência em ir à casa de banho. Não sabemos o que aí vem. Se um peido malandrinho, se uma torrente augada dos pimentos a que somos alérgicos, se um bom calhau em homenagem ao jantareco que fizemos com tanto carinho.

O amor é mesmo isso. A surpresa do cócó. E sempre que temos que ver-nos livres dele, é assim: sentados, à espera, sem podermos exigir nada, ficando à mercê da sua vontade. Umas vezes vaza as nossas entranhas num ápice sem lágrima no canto do olho, outras vezes faz um estardalhaço e explode pelas paredes azulejadas da nossa divisão mais íntima e outras vezes custa e dura no seu processo de passar pelo arco do triunfo até fazer aquele som reconfortante na água wc pato, que o recebe de volta à natureza.

Sempre que estou na minha sanita e não tenho um bom jornal para ler, ou a bula do medicamento para os nervos que o veterinário receitou aos gatos, penso na vida e no amor. E tudo é uma despedida. Mas custa. Às vezes dou por mim sentado ao lado da sanita, olhando-o, ali, a boiar, despedindo-me dele com nome suaves como " filho da...", " aldrabão", "foste um bluff" porque em tudo o sputnick de chocolate é sempre uma surpresa e não podemos escolher nem tamanho, nem forma nem jeito. Como o amor?

E quando carrego o autoclismo, sonho. Sei que ele um dia voltará para dentro de mim - o amor claro - formando-se e ocupando espaço por mais um tempo, até voltar a abandonar o meu corpo.

O coração e o cu são.... uma e só metáfora da vida amorosa. A despedida do amor é visceral, física e aliviadora....

hoje caguei o amor. Só espero amanhã almoçar alguma coisa mais ligeira.

P.S. Se tiverem muito medo do que o amor vos pode causar proponho ultralevur ou um bom xenical. Vão sentir que o amor foi apenas...uma pequena e singela torrente apaixonada.

sábado, 18 de abril de 2009

A essência do Penico

3, 2, 1... Bem-vindos ao penico !

Este espaço é inspirado em todos aqueles que constituem a verdadeira essência do penico: os devoradores de comida pré-mastigada, os "papa-expresso", os possidónios, homens e mulheres-fraude, sem alma, falsos adoradores das coisas boas da vida, que gostam mesmo é dos odores rançosos da cova do vapor, esses seres do demo, incapazes de autenticidade!
Aqui o verniz vai estalar! Entre anátemas com chantilly e fillet-minhau de coconet, do psiché para o tó-clismo, vamos rir e exorcizar todos os males!
O céu está coberto de nuvens negras... vão chover cães e gatos... e a festa vai começar!