sexta-feira, 22 de maio de 2009

A photoshop revolucionou o mundo


este texto é dedicado a todos os obesos do mundo!


A ideia que hoje temos de felicidade passa pelo..photoshop. Não há conversa que envolva fotografias ou revistas que não vá lá dar. Estamos constantemente descontentes com a nossa aparência, com as borbulhas, as verrugas, as rugas, os pés de galinha, a linha do corpo abrangente, o papo, a pele descaída, a estria, o cabelo branco e esquece-mo-nos que o ser humano é falho por natureza e um corpo em constante mutação. O mundo das revistas e do cinema apregoa-nos a beleza intemporal e perfeita, mas a perfeição só pode ser uma utopia que nos convença a ser melhores - e nada contra isso. Melhorar a nossa aparência é até um sinal de sociabilidade já que vivemos uns com os outros e a convivência exige o mínimo dos mínimos. Mais não seja a higiene, o corte de cabelo e a roupa lavada.

Mas hoje em dia, a busca pela perfeição e juventude leva-nos a situações limite. Ontem ouvi dizer que a baba dos caracóis era muito benéfica para a pele.... e fiquei curioso. Ao ponto de procurar a dita embalagem nos EUA e ver os preços de avião para Miami.

Uma amiga falava-me num filme onde uma mulher em busca da juventude eterna comia fetos humanos. Dorian Gray faz um pacto com o diabo e por aí sucessivamente. Tudo aliado a esta busca tem qualquer coisa de sombrio. Como se fosse anti-natura lutar contra a nossa mortalidade e genética.

Mas será que a culpa é só das revistas e dos media? Acho que não. Há milhares de anos que andamos atrás da imortalidade e procurar o elixir é uma constante, talvez hoje mais difundida porque chega a todas as classes sociais.

A Dona Eliete pode ir à sephora e comprar retinol por 70 euros e sentir-se uma colegial no domingo quando vais aos Alunos de Apolo dançar com o esposo.

Mais do que procurar a juventude, as pessoas procuram a constância das suas faculdades e a aceitação dos outros. Ser jovem significa ter ainda poder sobre actos e decisões, planear a vida e fazer ainda tudo aquilo que o mundo nos obriga a sonhar.

Por isso..... olha, venham os caracóis, as caracoletas, a barata moída, o dente da galinha africana, os entrefolhos do rabo da águia careca e a membrana da grande baleia azul!

E quando tudo isto não resultar...teremos sempre A photoshop!

p.s. o homem da fotografia sou eu depois do Pipo passar 2 anos à frente do computador a refazer tudo. Não fico lindo?

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Kopi Luwak


Que delícia! O penico não podia deixar passar em branco esta preciosidade para gostos mais excêntricos e verdadeiros apreciadores do trato intestinal. O Kopi Luwak ou Café Civet! Um verdadeiro café-dejecto! Ele é produzido com grãos de café que foram comidos e passaram pelo aparelho digestivo de um afável animalzinho asiático, o Paradoxurus hermaphroditus (cruz credo!), em português o civeta, muito semelhante, claro está, para nós perfeitos conhecedores da fauna que defeca café, a um gambá. O processo é maravilhoso! O animalejo emborca os ditos grãos mas não os digere (pois pudera, estão a imaginar o bicheco com um ataque cardíaco provocado por overdose de cafeína... este animal só consegue ingerir descafeínado e tem de ser nespresso porque ele é sensível dos intestinos...), o que faz com que eles passem intactos pelo seu delicado (e certamente muito limpinho...) sistema digestivo. À medida que o grão passa pelo bucho e pela intestinália do animal, sofre um processo de modificação (e que modificação!) supostamente idêntico ao utilizado pela indústria de café para remover a polpa do grão, só que neste caso, estão envolvidas bactérias diferentes das usadas pela indústria e as suculentas enzimas digestivas do aludido ser. É isso que dá ao Kopi Luwak seu sabor característico inigualável: mas que sabor poderá ser esse? o sabor a rabo ou a vilosidade intestinal? Convidem os vossos amigos ou alguém que queiram impressionar e dêem a provar:

"Hummm, que cafezinho magnífico... tem um cheiro... peculiar, onde arranjaste?" (O que vale é que a coloração mitiga quaisquer suspeitas...)

"ah, não vais querer saber..."

"vá lá, agora estou curioso!"

"é o caganita-café!"

E o triste rato de laboratório, que estava a desfrutar do sabor acastanhado do seu cafezinho e a sentir os seus aromáticos vapores nalgueiros, sem que as sinapses do seu cérebro tivessem ainda computado a verdadeira essência daquela iguaria, digna dos mais delicados palatos, vai correr para o vomitório mais próximo e declarar guerra a quatro estados asiáticos ao mesmo tempo por permitirem uma produção tão abjecta (neste caso, dejecta).

Ainda me hão-de explicar, e devagarinho, porque raio este café "de merda" (os leitores perdoarão certamente o vernáculo, mas é que o sentido aqui é literal) é o mais caro do mundo... Quem não o vai experimentar sei eu... se alguém mo oferecer, agradecerei simpaticamente, com enorme sorriso, porém muito desconfiada, pois não saberei ao certo quais as intenções por detrás do donativo, e arremessá-lo-ei num grande penico, que é, sem sombra de dúvida, o habitat natural para estas substâncias! Ou então guardo-o para convidados especiais...

segunda-feira, 18 de maio de 2009

A gosma

Já alguém teve o desprazer de ir ao twitter? Se não sabem o que é, vão procurar, o Penico está-se nas tintas para os vossos problemas com as tecnologias. O twitter é uma aplicação na Internet. Existe e está mais presente que nunca. Senão basta ir ao facebook, ligar o rádio ou consultar qualquer página pessoal na Internet, dentro ou fora de redes sociais.
É uma gosma, filhinha do pigarro, prima do espirro é o mesmo que dizer expectoração, baba ou escarro. O arquétipo do twitter já aborrece só por si, porque começa com o conceito vagamente traduzido como: “Chilreio”, som repetitivo, insidioso que chateia. E como chateia! Não confundir com o divino som produzido pelas criaturas da Natureza. Ou melhor! O autor do chilreio, essa execrável escolha de passarola azul para logótipo, qual olharapo de supermercado, ou núncio de latrina.
Começa-se por perceber que o conceito é simplesmente deixar mensagens triviais (ou não) como todos já tivemos oportunidade de ler, em tempo real, revelando os verdadeiros interesses do obtuso autor aos eventuais destinatários:

- Estou a almoçar.
-A ler o “24 horas” com a minha parrachita fofa, a fazer a depilação encostada a mim.
-Fiz uma bela cagadinha. E que bem que me soube!

(ou pior, se estiverem a mandar os recadinhos, para um qualquer site, através do telemóvel):
-Entrei no hotel e as toalhas estão tão bem bordadas! (Que regalo! Até dá para esquecer que 13.650 pessoas antes já lá andaram a limpar as partes pudibundas.)

Nada de mensagens de carácter ecológico, social, científico ou meramente lúdico. Nem pensar! Analisando a experiência, verificamos que a maioria pessoas prefere o banal, a ranhoca, falar dos seus pequenos dejectos, excrescências e obsessões caricatas.
E não nos ficamos pelo twitter, porque em todas as redes sociais, como o facebook, o hi5, ou quejandos, as pessoas assoam-se abundantemente para a ventoinha da atenção alheia. Essas eminências de saponária que não querem saber de curiosidades, factos culturais, experiências, opiniões sobre livros ou filmes. Nada disso. Optam antes por falar de gosma.

E porquê? Porque é que andam alguns tão preocupados em informar a colectividade, o seu grupo de amigos, o planeta para todos os efeitos, que acordaram com uma borbulha no vale das nádegas?
Será que a descompensação é tão grande que a existência do meio democrático, que permite escrever alarvidades como as presentes neste texto, intoxica e seduz os comuns mortais a espalhar pelo planeta as suas dores de cabeça ou atrofio mental causado por uma hora a mais de trabalho?
É ranho, caros leitores. E isso deita-se no penico!

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Dá Deus nozes...



Este espaço também serve para alguns elogios e o Sr. Hugh Jackman é merecedor de inúmeros, from head to toe. Ainda que o argumento do seu último filme "Wolverine" não seja particularmente brilhante, a verdade é que tem a enorme qualidade de exibir o traseiro do Senhor. E aqueles peitorais perfeitos para qualquer mulher que se preze brincar ao jogo do galo? Que se lixe o argumento porque quando se trata do Hugh eu vou ver o filme nem que o argumento seja sobre prostitutas vietnamitas e anões raptados por duendes e sugados por uma nave alienígena! Quem não o viu na noite dos óscares? O homem é maduro, super-charmoso, transpira charme e coolness, é um excelente actor, canta, dança, tem sentido de humor... Perdoem-me se me babo, não consigo controlar... Bom, agora a crítica: este magnífico espécime está casadíssimo há 12 ou 13 anos (um homem fíel... mais baba...) com uma mulher mais velha (na minha modesta e invejosa opinião não lhe chega aos calcanhares... gordurosa...) que teve a ousadia de se queixar da forma física do marido, a que se refere como "the Body of Doom", e que fez o seguinte comentário quando soube que o marido fora escolhido para apresentar a cerimónia dos óscares por ser considerado o homem mais sexy do planeta: "então não convidaram o Brad Pitt?". Que blasfémia! Oh meus amigos, com franqueza... com o perdão da Sra. Angelina Jolie (que, segundo as más línguas, meteu o menino a dormir no chão porque o apanhou a brincar às casinhas com a mulher da limpeza ou com uma serviçal qualquer que estava ali à mão, ou ao pé...sei lá) e das fãs do Brad das Pitas, a Sra. Jackman devia ajoelhar-se no milho todas as noites, ser chicoteada e internada num sanatório para lhe colocarem uns electrodosinhos nas orelhas. Cada vez que lhe perguntarem qual o homem mais sexy do planeta, se ela mencionar o Ken Oxigenado aumentem-lhe a voltagem! Cada vez que ela se queixar do corpinho danone do marido devem mostrar-lhe uma tenaz em brasa e outras parafernálias do estilo e ameaçá-la com as mais cruéis torturas medievais! Se não está satisfeita, meta o homem numa encomenda em correio expresso para a minha morada que eu saberei apreciar o pacote. Dá Deus nozes a quem usa dentadura postiça com super-corega-creme!!!

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Felicidade em cápsulas


Nada melhor que começar o dia com uma boa dose de comprimidinhos da felicidade no bucho, estratégia a que grande parte das pessoas recorre hoje em dia para poder suportar as agruras do dia-a-dia. Em momentos de crise, quando a carteira está vazia ou o "tiqui-ti-coeur" está despedaçado, eis que surgem os nossos melhores amiguinhos enfiados num frasco delicioso para colocar um belo arco-íris no nosso dia, que estava tão cinzento... e, num abrir e fechar de olhos, tudo é belo! Ziguezagueamos pelas ruas de Lisboa, com um sorriso de Mona Lisa nos lábios, e achamos tudo lindo e maravilhoso! Nada pode alterar o nosso estado de espírito! Inventamos uma intoxicação alimentar para nos baldarmos ao trabalho e vamos exibir a nossa felicidade química por esse mundo fora. Ficamos tão balhelhas que até somos capazes de comprar um saco de milho para oferecer a esses animaizinhos simpáticos que outrora apelidávamos de "ratos do ar"! Entramos nas lojas e o Sr. Prozac diz-nos que podemos estoirar todo o nosso dinheirinho, inclusivé aquele que é de plástico e que depois teremos de devolver aos senhores do banco, acrescido de mais uns pequenos números que o vulgo chama de "juros". É tão bom o som do talão a sair daquelas maquinetas! É como uma orquestra bem ensaiada! Melhor ainda é levar para casa meia loja dentro de uns simpáticos invólucros de plástico. De seguida, decidimos entrar num belo restaurante pseudo-finório para encher o bandulho de tudo o que sabe tão bem como faz mal à saúde: uma boa vinhaça, que escolhemos pelo preço com maior número de zeros à direita, um prato de batatas fritas com alheira e ovo a cavalo que os senhores do restaurante chamam de "coconettes de couchon em caminha de pommes de terre polvilhadas de huille de olive e fabergé au chevale" e uma mega-bomba de chocolate chamada "cocochiquése". Saímos do restaurante incrivelmente despreocupados com o preço do pequeno repasto e com o colestrol a sair pelas orelhas. Não passa muito tempo até sentirmos náuseas, suores frios e umas ligeiras cólicas que parecem cortar-nos a barriga ao meio e pensamos "hummm, se calhar é melhor correr para o wc mais próximo". Curiosamente, o estado Zen em que nos encontramos permite-nos encarar esta aventura de forma absolutamente destemida e até relaxada. "Ooops, não deu para aguentar... Dihhhhhhhhh. Provavelmente ninguém deu por nada. Sinto-me tão feliz!". Ok, aqui a situação é grave porque há várias pessoas com um ar verdadeiramente transtornado a correr na direcção contrária à nossa. Mas os nossos verdadeiros amigos (o Lorenin, o Xanax e o Vallium) nunca nos abandonam, nem nos momentos mais merdosos. Pelo sim, pelo não, é melhor voltar para casa porque ser feliz cansa... dá cá uma soneira...